No último dia da minha vida
é fato, não terei mais nenhuma palavra
todos os sois se consumam
como um infinito neuronal
em mentes
por que ontem vi um estranho animal
ele consome o que não necessita
e mata os seus semelhantes
ele é uma figura esquisita
e ainda assim é belo
não mais que o rinoceronte
como disse, no dia que terei que cantar
a minha afinada canção
sorrirei de toda cultura e toda aparição
da minha orgânica fatalidade
da minha exultante felicidade
da minha honra de mar
da minha hora de silenciar
da minha febre e do meu maior compromisso...
na minha sonora hora
serei senhor de meus ancestrais
estarei como antes
como antes...
no dia que sair de casa
estava com os pés feridos
e caminhei assim mesmo
pelas avenidas
sem perceber a igualdade
sem nem reconhecê-la
ela não há
fim
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