No último dia da minha vida
é fato, não terei mais nenhuma palavra
todos os sois se consumam
como um infinito neuronal
em mentes

por que ontem vi um estranho animal
ele consome o que não necessita
e mata os seus semelhantes
ele é uma figura esquisita
e ainda assim é belo
não mais que o rinoceronte

como disse, no dia que terei que cantar
a minha afinada canção
sorrirei de toda cultura e toda aparição
da minha orgânica fatalidade
da minha exultante felicidade
da minha honra de mar
da minha hora de silenciar
da minha febre e do meu maior compromisso...

na minha sonora hora
serei senhor de meus ancestrais
estarei como antes
como antes...

no dia que sair de casa
estava com os pés feridos
e caminhei assim mesmo
pelas avenidas
sem perceber a igualdade
sem nem reconhecê-la
ela não há

fim    
    
  
 

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Paulo Tiago dos Santos

Nascido em Vitória da Conquista, "carrega água na peneira" desde pequeno, de 1900 e... esqueci...

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