Certo dia escrevi
Imerso no meu mais profundo silêncio:
Estou guardando dentro de mim uma mostra de ternura….
Avança as alvoradas e tornei-me um sonho
Refiz toda aventura e sublime contradição sobre a terra
Amei e desviei do tempo dos homens
Fui anjo e fera
Tomei do cálice mais negro
e do cálice mais límpido
Mal caminhei o tempo necessário ao normal dos homens
Para entender-me como um destino
Para fazer do meu, a honra
Ou a sobriedade de uma alma que não mais deseja
Que não mais teme, tão pouco respeita
Mas, que se comisera de existir
Em que nenhuma delícia é como essa musica que ouço
Ou a ausência do meu amor
Ou a duvida do irmão sobre a existência
E a imersão na banalidade
Todo gesto, todo elo, toda vontade
Me escapa, e ora, deus, o que chamamos deus
Essa presença que nos transborda
Essa vontade de gritar para que o universo inteiro se abale
Para que façamos um grande bem
Ou para que nos aniquile
Para que nos transfigure em algo mais
e que perpasse em nossa paixão
O que a vida nos pede, nos manda
Antes que minha saciedade se faça
Permito a mim, mais um único poema
Este cigarro e nenhuma lamentação
Dos dias que passei sobre a terra
Tenho a vontade de voltar apenas à infância
Quando minha consciência, mesmo alta
e soberana sobre as minhas ações
Ainda não lamentava...
Algum lamento no entanto me deixa vesgo de si
Aproximado ao imperfeito que não sou
Unicamente processo e devir
Hoje canto o que todo encanto me fez
Homem, porém, alto e belo
Sobremaneira, com a dureza do espírito
que me esvai sobre as correntes do desejo
Uma vertigem é a primeira sombra que se esvai
Daí a seu elo dizer-se o bem e a nuvem
Uma simples ação pode mudar todo universo
Que é bem menor do que os homens pensam
Toda a minha fé, que é pouca, devo dizer
convalesce e me deixa como algo perdido no tempo
A partir de amanhã, perdoem
mas estarei condenado a dias,
segundos dentro de um vagão
De um belissimo vagão azul
Para onde o melhor dos tempos me levará
Longe… bem longe…
tentarei porem a minha felicidade
a minha hora mais funda
Que pouco importa, na verdade
Soletro ao medo e ao desejo de bem
a minha vida pequenina
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