Caminho sobre uma horda imensa de pessoas
ando sobre os ladrilhos da avenida
e me perco pelas bancas de revistas
que apenas sussurram suas vontades por notícias
A lâmpada acaba de reagir
é uma lâmpada
que põe gazes para reagir à eletricidade
e com um tempo vai clareando
cada vez mais e mais...
A minha vida se tornou essa lâmpada
pois, de toda vastidão de sentidos
e prósperos objetivos
que fundiram,
minha alma num destino leve e fugaz
fui-me tornando presente...
Hoje a mais remota ilusão
me causa um calafrio
que faz acordar
tenho pouco por que reagir e agir
me tornei um forasteiro de mim mesmo
Entorpeço de todas as conexões
ainda faço-me de traiçoeiro
apenas para fingir ser alguém,
pois, que neste mundo não há uma dor
que não remunere a nossa perdição
estou como um filisteu,
porém, a minha alma não teme
a cegueira dos desonestos,
antes, permite ao seu elo
um continuo começo de esferas que sou.
Posso fazer mil vezes a mesma viagem
o mesmo tédio me espera
tenho a vontade de ficar rico,
mas, nem assim me constituo de sonho
pois, amo ter que caminhar sobre espinhos
e dizer aos homens sobre minhas verdades
Por isso calo a cada dia
que me responsabilizo
pelos meus mais pequeninos atos,
não existo dentro de mim mesmo,
não me perdi, tão pouco apaguei o meu vagar,
somente amanheço tarde
e me desvaneço
com a espera de querer ser alguém,
algo que não me cabe neste mundo
gosto tanto de voar,
que almejo a morte
para que isso realize com recorrência,
seja hábito das asas.
Tenho mil obras a criar,
e não esqueço,
pois me falta uma paixão
que me deixe tomado de coisas nuas
e segredos e motivações que me animam.
Sou eu mesmo e isso bastaria...
Mas, seus olhos não saem de minha lembrança...
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