Talvez o ébrio
longe, anima

Doce a minha satisfação
não sei, nenhuma certeza

Num momento permaneço inerte
no outro sonhador

Hoje, por exemplo, fui náufrago
no cinema, na palavra, ao passar

Aquilo que esvai meu sentimento
nada, e com muitos acentos de azuis

Sou nada... antes um mal estar
do que estar algum, ó minha amada

Nosso campo de flores, cores
nenhuma síntese alcança esse lugar

Horizonte, esse lugar horizonte
mais um, a pele, a náusea, a dor

Você, meu amor, é paisagem
ora, meus dedos não podem te tocar

No entanto, a sua voz suave é parte de mim
quando passamos sob a nua ilusão

Ornei meus cotovelos, eles não reagem
ornei minha alma, o que é definitivo em mim

Passageiro, não há volta
nem nada, no outro, dia, lamentar

De todas as ilusões, a mais inaceitável é o tempo
sua permanência incumbe nenhuma razão

Ah... longos anos a sua espera
não há como entender, é fera, é fogo, é chão

se, que, dia mais invernal, homem, estas, coisa que deserta, imensas
assim combinava meus encontros casuais

Se colado no peito tem costelas
a pele, o nervo, o fio, a coalizão

nessas horas, toda exatidão fala, não cala
prima a solidão e ritornela

um conselho feito de silêncio
vindo do sentido do mato, sua vibração

Dolores, moça minha...
quantas vezes terei que ninar tua loucura mais bela!

  

  
              

Paulo Tiago dos Santos

Nascido em Vitória da Conquista, "carrega água na peneira" desde pequeno, de 1900 e... esqueci...

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