Tornei-me em máquina
para o meu desespero
escondo meu zelo
e percorro o véu 

de minhas esperanças
nas tuas danças
ou na louça antiga que balança
e teima topar na parede
tomba com o vento
belisca meus ouvidos, num lamento
dum fastio que resvala em suor  
e desfaz-se em nenhum sentimento...

Meu corpo, ando e sinto
como símbila e marear
posto que a fonte embaraça no tempo
ai de nós, senão o tormento
devo cantar, o beijo
meu desespero é ver tal dezembro chegar...

Numa cantiga feita de pedra
tento alisar com esmero as palavras
que minhas emoções já não significam nada
por isso esse poema não vibra, só cala.    
     

  

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Paulo Tiago dos Santos

Nascido em Vitória da Conquista, "carrega água na peneira" desde pequeno, de 1900 e... esqueci...

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