Foi-se o tempo...
A distancia é uma cicatriz
e meu temperamento de todos os dias
me desloca e me desconheço

Com alguma coragem
o meu único refúgio
é sofrer por parques e sem me lamentar
piso em folhas secas
para que não me seque o coração
e nem core minhas ansiedades
embebido de tantas paixões
Eu sou destes que anda pelos parques
e em todas as estações, amo
com uma dureza silenciosa
de um Buda de pedra
Vejam as pessoas que vão aos museus
sentem e entendem, buscam sentidos,
ligações, ombros e olhos, pensam
e tocam o queixo
Não existe nada mais fácil do que ir a um museu.
Delicia é que a vida tem muitos museus!
Os Museus que se podem quebrar
são os meus preferidos
Gosto de fingir obras monumentais
Imito a perseverança, a descrença,
o elo de desejo entre tantos corpos
imito os animais e até mesmo
os grandes homens, as vezes...
Aquela solidão deliciosa dos carnavais
como se todos nós fossemos
folhas secas em putrefação
estar alheio ao existir,
jogar fora o que se acredita e fingir o belo
fingir o belo e deleite de si mesmo
sem precisar fazer-se de museu
Meu rosto, por hora pálido
varou invernos lutando contra a dor
que eu tanto estimava
me vejo a andar sobre folhas secas
sentindo uma dor forte de paixão, de amor
Sou “um esquecido outonal”

Jogar fora o que se acredita e fingir o belo
Fingir o belo e deleite de si mesmo.

Um comentário:

Paulo Tiago dos Santos

Nascido em Vitória da Conquista, "carrega água na peneira" desde pequeno, de 1900 e... esqueci...

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