À minha frente uma fabulosa gata
deleita-se em sua existência aprimorada
pela virtude de ser felina

lambe, deita, torce a pata e observa
com seu ar maior, os meus olhos
temperados pelo espasmo

eu, feito em fingidor, do que outro poeta cantou
âmago de tudo, o que há de meticulosa, a paisagem
é que vasculho, as lástimas e o imperfeito

relembro as inconstâncias do meu apetite
quando inda singelo me pegava
a calcular as improváveis vastidões

e perco a conta dois mais dois
no meu arco preso ao canto só
nas folhagens que o outono extinguiu

fujo ao mar, nada encontro, das fantasias
meu penar, é o que me sobra
por esses dias, a sombra e a noite

quando forma o elo ao transpassar
as corredeiras, pico-me de toda voz
a ressoar na mesma forma o oitavo ciclo

emana as constelações e todos os sois
comigo partido em princípios
ouço as varas tombarem

e até pelas promessas
que o vento professa aos bambus
meu coração palpita

2 comentários:

Paulo Tiago dos Santos

Nascido em Vitória da Conquista, "carrega água na peneira" desde pequeno, de 1900 e... esqueci...

Visualizações de páginas da semana passada